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Pedir ajuda é um ato de coragem

  • Foto do escritor: José Alberto Tostes
    José Alberto Tostes
  • 20 de mai. de 2020
  • 4 min de leitura

O que significa pedir ajuda? Não há dúvida de que a vida contemporânea ficou intensa em tudo, talvez, a palavra mais adequada a esse estágio, seja, aceleração. Tudo ficou muito acelerado, corrido, intenso e haja folego para suportar tantas atividades. Até mesmo as crianças vivem intensamente essa condição. Os pais na ansiedade de fazer com que os filhos aprendam o máximo possível de coisas, muitas vezes esquecem que são crianças.


As crianças precisam de oportunidade para lidarem com o caráter lúdico da vida, de errar, acertar, aprender e assim sucessivamente. Esse estágio que ocorre com as crianças, mostra sensivelmente como a sociedade estava “ enlouquecida” antes de ocorrer a pandemia em meados do mês de março. Diante desse cenário, para quem essas crianças pedem ajuda? Obviamente são para os pais mas que, pela dinâmica do cotidiano em curso, já estavam também precisando de auxílio.


E por que é tão difícil pedir ajuda? Primeiramente por conta da essência de uma sociedade que se volta para metas exclusivamente materialistas. Então, pedir ajuda nesse tipo de sociedade, significa um ato de fraqueza, de debilidades de não conseguir fazer frente a um conjunto de problemas que se apresentam cotidianamente.


A própria Organização Mundial de Saúde (2017) publicou um material sobre Saúde e Bem estar para a melhor qualidade de vida. Um dos pontos mais enfatizados, é que, 3 a cada 5 pessoas tem um nível de stress elevadíssimo, a maior parte, avança para processos depressivos, e um dos motivos, é a elevada cobrança por alcançar e obter coisas que se tornam verdadeiras obsessões, comprar uma casa, carro, ter a melhor escola para os filhos, desfrutar de viagens e outras sensações que geram satisfação e prazer.


De acordo com a OMS (2018) na última década, os números de suicídios cresceram de forma assustadora, um dos motivos são causas econômicas, problemas familiares ou de trabalho. Quando alguém chega a pedir ajuda, o grau de padecimento e sofrimento já está extremamente avançado. São tratamentos longos e que muitas vezes, tem na própria família, resistências maiores por não aceitar que aquele ser querido sofre da mente e da alma.


A sociedade competitiva e acelerada dos dias atuais, sofre silenciosamente, sem pedir ajuda, pois, para cada duas pessoas que são auxiliadas, tem pelo menos, quatro ou cinco necessitando de auxílio. Não é fácil pedir ajuda, pois os sentimentos que mais movem o mundo materialista, é o orgulho e o egoísmo. Para muitos, pedir ajuda é uma humilhação, significa ter uma dívida ou dever um favor a alguém.


Pedir ajuda é um ato de coragem, pois significa reconhecer suas limitações para enfrentar situações que parecem assustadoras, mas com auxílio e orientação, se pode superar as adversidades. A ciência mostra que existem fortes ligações entre a felicidade e ajudar aos outros. Primeiramente, a felicidade nos dá suporte para ajudar os outros. Pessoas felizes são mais propensas a ajudar — é mais provável que pessoas assim tenham realizado algum ato gentil recentemente ou tenham doado um percentual maior de seu tempo ajudando outros ( Altruism, Happiness, and Health: It's Good to Be Good. International Journal of Behavioral Medicine, 12(2), 66-77).


E nesses tempos de isolamento social? Muitos precisam de ajuda, não somente de ajuda material de alimentos e outras necessidades, mas de ajuda moral. Dar, sem receber nada em troca, a única satisfação, é de ver a outra pessoa bem. É exatamente no âmbito de nossa família que muitos precisam de auxílio.


É importante ressaltar que, Jesus defendeu princípios importantes como a fraternidade, solidariedade e o amor, demonstrou a importância da caridade material, mas principalmente da caridade moral. Nos seus atos de contribuição com as palavras, estão a construção das parábolas. Deu a oportunidade ao homem, de pensar sobre suas atitudes. Na construção de parábolas, Jesus nos mostra a necessidade de mudar, de olhar para o nosso interior, de equilibrar as nossas necessidades, e ter uma vida baseada em princípios morais elevados.


Ajudar os outros têm uma relação causal mais forte com a saúde mental do que receber ajuda. Estudos mostram que voluntários tem menos sintomas de depressão e ansiedade, e eles se sentem mais esperançosos. Está também relacionado a sentir-se bem consigo mesmo. Também pode servir para distrair as pessoas do hábito de ficar remoendo os próprios problemas para que se sintam gratos por aquilo que tem. Voluntariar-se também está relacionado com bem-estar psicológico (Lyubomirsky, S. The How of Happiness. NY: Penguin, 2008).


Doar pode aumentar nossa longevidade. Estudos com pessoas mais velhas mostram que aqueles que dão suporte a outros vivem mais do que aqueles que não fazem isso. Isso inclui apoio a amigos, parentes, vizinhos e apoio emocional ao parceiro. Em contrapartida, receber apoio não influenciou na longevidade (Brown, S. L., Smith, D. M., Schulz, R., Kabeto, M. U., Ubel, P. A., Poulin, M., Yi, J., Kim, C., & Langa, K. M. (2009). Caregiving behavior is associated with decreased mortality risk. Psychological Science; Apr 2009, pp, 488-494).


É importante que as pessoas que estão com algum tipo de problema, peçam ajuda, e aqueles que estão dispostos a ajudar, compreendam bem, o seu proposito maior. Com o contexto atual que o mundo global está passando, serão milhões de seres humanos precisando de auxílio para tratar de diversas enfermidades, e a principal delas, são as enfermidades da alma.


Cada um, precisa pensar sobre essas questões de forma mais cuidadosa. Eu preciso de ajuda, ou, eu posso ajudar? As enfermidades da mente são cada vez mais graves, não podem ser tratadas somente com medicamentos químicos, são necessárias ações que fortaleçam o espírito.


O melhor livro de aconselhamento primeiramente é a nossa mente. Por isso, pedir ajuda é um ato de coragem, pois significa deixar de lado sentimentos inferiores, de querer melhorar, mudar e avançar para o próximo estágio. Não tenha medo, e nem pavor de pedir auxílio.


O sofrimento silencioso, não ajuda na nossa melhoria, pelo contrário, só aumenta ainda mais a nossa condição de padecimento. O primeiro passo, para pedir ajuda, é reconhecer que necessita de apoio.

Crédito de imagens: www.altoastral.com.br



 
 
 

1 Comment


Ilma Barleta
Ilma Barleta
May 21, 2020

Aqueles que se colocam à servico do outro certamente experimentam o verdadeiro sentido da vida. Que possamos ser sensíveis aos que pedem ajuda!

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