Qual o valor da vida?
- José Alberto Tostes
- 9 de set. de 2020
- 6 min de leitura
Qual o valor da vida? Tem sido recorrente o aumento de taxas de suicídios no Amapá e no Brasil. O tema ainda é um tabu entre muitas famílias, muito embora a informação circule com maior velocidade através das mídias sociais, todavia, ainda há muitos desencontros em saber lidar com a realidade dos fatos.
Em um rápido recorrido pelos dados estatísticos verifica-se que há um certo receio na divulgação de dados que auxiliem na construção de processos de auxílio no tratamento de saúde e espiritual de pessoas em crise. Ainda se dá um tratamento relativo quando se fala de saúde espiritual.
O suicídio de jovens entre 16 a 30 anos é cada vez mais recorrente. E o que leva alguém em circunstâncias extremada e desesperadora a tomar uma medida tão extrema como essa? A primeira abordagem do tema passa essencialmente pelo fato de que ainda nos voltamos na essência para as questões exclusivamente materialistas, muitas famílias creem que dando tudo o que um jovem precisa, será suficiente para a atender as suas necessidades, na mesma medida a interpretação para jovens mais pobres e que supostamente estariam mais vulneráveis as dificuldades materiais.
Temos a oportunidade inestimável de reencarnar e trilhar por um caminho diferente em prol de nosso aperfeiçoamento espiritual, entretanto são inúmeros os obstáculos a serem transpostos, um deles é o valor da vida. Muitos acreditam que tirando a própria vida tudo se acabará como mágica, não é bem assim, como vamos apresentar nesse artigo a complexidade é bem maior, pois trata-se de como alguém usou de forma inadequada o seu livre-arbítrio.
Segundo (OMS, 2000) O suicídio é considerado um transtorno multidimensional, resultado de uma complexa interação entre fatores ambientais, sociais, fisiológicos, genéticos, biológicos. Esse fenômeno configura-se como problema de saúde pública de difícil prevenção e controle, pois nos remete a considerar a uma série de requisitos como: melhores condições de vida possíveis para a criação das crianças e dos jovens; um efetivo tratamento dos transtornos mentais; controle dos fatores de risco ambientais, dentre outros. Acrescentou-se ao longo dos anos as questões econômicas para explicar as causas dos elevados índices de suicídio de jovens.
No estado do Amapá a preocupação é maior ainda, pois despertou de vários segmentos a realização de eventos, grupo sociais, entidades representativas em compreender as causas decorrentes desse ato. Dados divulgados pela Superintendência de Vigilância em Saúde do Amapá revelam que nos últimos três anos, as tentativas de suicídio no Amapá cresceram em 308%. O assunto, considerado delicado e preocupante pelas autoridades. Os números, 70% dos casos de tentativas são na capital, mas, o número cresceu também em municípios como Calçoene e Oiapoque. Foram 60 registros de tentativas em 2016 e 117 em 2017. Em todo o estado, 40 óbitos por suicídio ocorreram em 2017.
Nas variáveis definidas pela OMS, a questão espiritual é praticamente descartada, pois sem efetivamente se tratar do espírito a avaliação será única e exclusivamente pela ótica das visões puramente materialistas.
Alan Kardec (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. V. it.16.) “destaca que a incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as ideias materialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao suicídio: Quando se veem homens de ciência, apoiados na autoridade do seu saber, se esforçarem por provar aos que os ouvem ou leem que estes nada têm a esperar depois da morte, não estão tentando convencê-los de que, se são infelizes, o melhor que podem fazer é matar-se? Que lhes poderia dizer para desviá-los dessa consequência?
Que compensação podem oferecer-lhes? Que esperança lhes podem dar? Nenhuma, a não ser o nada. Daí se segue concluir que, se o nada é o único remédio heroico, a única perspectiva, imediatamente, e não mais tarde, para sofrer por menos tempo. A propagação das doutrinas materialistas é, pois, o veneno que inocula a ideia do suicídio na maioria dos que se suicidam, e os que se fazem seus defensores assumem terrível responsabilidade.
Com o Espiritismo a dúvida já não é possível, modificando-se, portanto, a visão que se tem da Vida. O crente sabe que a existência se prolonga indefinidamente para além do túmulo, mas em condições muito diversas. Daí a paciência e a resignação que o afastam muito naturalmente de pensar no suicídio; daí, numa palavra, a coragem moral.”
O suicídio tem várias causas, e a principal delas é a enfermidade da alma, pois não é comum para maioria das famílias brasileiras estarem atentas ao comportamento de seus filhos. A influenciação espiritual começa a gerar uma série de efeitos em cadeia, tais sentimentos como fobia social, isolamento, perda de rendimento escolar, como consequência a maioria dos jovens começa a entrar silenciosamente em um processo depressivo, sem que alguém da família se de conta da gravidade do problema. No mundo material é cada vez mais comum, se incentivar a competição, se é mais feio ou feia, belo ou bela, a posição social, se tem recursos para sair com os amigos, quem mais tem amigos nas redes sociais, todavia um dos problemas mais importantes tem sido o reduzido diálogo entre pais e filhos.
A sociedade dos dias atuais ainda não aprendeu a conviver com as redes sociais. Por incrível que possa parecer nem todo jovem está preparado para lidar com o turbilhão de informações que estão presentes nas redes, existe todo tipo de influência, positiva e negativa, contribuindo para o estado anímico de um jovem. O suicídio não pode ser tratado tão somente com ações paliativas é necessário um amplo esclarecimento por parte de toda a sociedade, além dos problemas físicos, cuidar da alma. A enfermidade que assola o suicida é a doença da alma.
Na questão 956 do Livro dos Espíritos diz o seguinte: Aqueles que, não podendo suportar a perda dos entes queridos, se matam na esperança de se juntarem a eles atingem o seu objetivo? “O resultado que colhem é muito diverso do que esperavam: em vez de se unirem ao objeto de sua afeição, dele se afastam por mais tempo, já que Deus não pode recompensar esse ato, nem o insulto que lhe fazem ao duvidarem da sua providência. Pagarão esse instante de loucura com aflições ainda maiores do que as que pensavam abreviar e não terão, para compensá-las, a satisfação que esperavam”.
Na Questão 957. Quais são, em geral, com relação ao estado do Espírito, as consequências do suicídio? “As consequências do suicídio são muito diversas. Não há penas fixadas e, em todos os casos, são sempre relativas às causas que o produziram. Há, porém, uma consequência à qual o suicida não pode escapar: o desapontamento. Ademais, a sorte não é a mesma para todos; depende das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros em nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam”.
Portanto, as questões 956 e 957 do Livro dos Espíritos deixam evidentes que a relação entre causa e efeito quando se trata de perceber as consequências do suicídio, muitos das aflições para a família são imensas por conta dos laços da vida reencarnatória.
Chico Xavier pelo espírito de Emmanuel afirma: “que a melhor prevenção contra o suicídio é quando a ideia de suicídio, porventura, te assome à cabeça, reflete, antes de tudo, na infinita bondade de Deus, que te instalou na residência planetária, solidamente estruturada, a fim de sustentar-te a segurança no Espaço Cósmico. Em seguida, ora, pedindo socorro aos Mensageiros da Providência Divina. Medita no Amor e na necessidade daqueles corações que te usufruem a convivência. Ainda que não lhes conheças, de todo, o afeto que te consagram e embora a impossibilidade em que te reconheces para medir quanto vales para cada um deles, é razoável ponderares quantas lesões de ordem mental lhes causarias com a violência praticada contra ti mesmo (XAVIER, Francisco Cândido. Pronto-socorro. Cap. 30.).”
Se dividirmos em duas partes os males da Vida, uma constituída dos males que o homem não pode evitar, outra das tribulações de que ele mesmo é a causa principal, pela sua incúria ou por seus excessos [...], ver-se-á que a segunda excede em grande número a primeira. Torna-se, pois, bastante evidente que o homem é o autor da maior parte das suas aflições, das quais se pouparia se agisse sempre com prudência e sabedoria. […] A prece é recomendada por todos os Espíritos. Renunciar à prece é desconhecer a bondade de Deus; é recusar, para si, a sua assistência e, para os outros, renunciar ao bem que lhes pode fazer (Evangelho Segundo Espiritismo. Cap. XXVII, item 12).
Portanto, o tema é do interesse geral da sociedade, da construção de políticas públicas de atendimento na área da saúde é importante, todavia, é preciso envolver as instâncias religiosas, mas principalmente as famílias que têm um papel importante no processo de educação espiritual não importa em qual o credo. A maior parte da juventude brasileira está afastada de qualquer prática religiosa e muito menos de tratar da alma. O suicídio resulta em dores físicas e morais para toda a família do envolvido, cria laços de comprometimentos por uma vida ou por várias vidas.
Crédito de imagem: www.pt.wikipedia.org
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