O temor da morte (desencarne)
- José Alberto Tostes
- 30 de mai. de 2020
- 6 min de leitura
Esse artigo tem por finalidade auxiliar na explicação sobre a condição do sofrimento e do temor da morte nesse período de pandemia. Sofrimento é qualquer experiência aversiva (não necessariamente indesejada) e sua emoção negativa correspondente. Ele é geralmente associado com dor e infelicidade, mas qualquer condição pode gerar sofrimento se ele for subjetivamente aversiva.
A Doutrina Espírita nos evidência com clareza a questão do tema do sofrimento e do temor da morte, nos coloca a certeza dos comprometimentos que ocorreram por parte do Espírito reencarnado.
Nessa pandemia, que começou desde meados do mês de março. É comum no depoimento de diversas pessoas, o medo e temor da morte, fato esse, que gera todo tipo de sintonia com uma frequência bem desfavorável para o espírito. Tais sentimentos são explicados por Alan Kardec, através das obras codificadas.
O tema é abordado no Livro dos Espíritos, na página 571, no item o Temor da Morte. Na pergunta 941, feita por Kardec aos espíritos, visava esclarecer a respeito da questão. Assim descreve com a pergunta: 941. Para muitas pessoas, o temor da morte é uma causa de perplexidade. De onde lhes vem esse temor, já que têm diante de si o futuro?
Os espíritos responderam assim: “ Não há fundamento para semelhante temor. Mas, que queres! Desde a infância procuram convencê-las de que há um inferno e um paraíso e que mais certo é irem para o inferno, visto que também lhes disseram que o que está na Natureza constitui pecado mortal para alma. Assim, quando essas pessoas se tornam adultas, se tiverem um pouco de discernimento não poderão admitir tais coisas e se tornam ateias ou materialistas. É dessa maneira que são levadas a crer que nada mais existe além da vida presente. Quanto aos que persistiram em suas crenças da infância, esses temem o fogo eterno que os queimará sem os consumir. A morte não inspira ao justo nenhum temor, porque, com a fé, ele tem a certeza do futuro; a esperança o faz esperar por uma vida melhor; e a caridade, a cuja lei obedece, lhe dá a segurança de que não encontrará, no mundo para onde terá de ir, nenhum ser cujo olhar ele deva temer.”
No comentário de Kardec ele diz o seguinte: “ O homem carnal mais preso à vida corporal do que a vida espiritual, tem, na Terra, penas e gozos materiais. Sua felicidade consiste na satisfação fugaz de todos os seus desejos. Sua alma, constantemente preocupada e angustiada pelas vicissitudes da vida, mantém-se num estado de ansiedade e de tortura perpétuas. A morte o assusta, porque ele duvida do futuro e porque tem de deixar no mundo todas as suas afeições e esperanças. O homem moral, que se colocou acima das necessidades artificiais criadas pelas paixões, experimenta, já neste mundo, prazeres que o homem material desconhece. A moderação dos desejos dá ao seu Espírito calma e serenidade. Feliz pelo bem que faz, não há decepções para ele e as contrariedades deslizam sobre sua alma sem lhe deixarem nenhuma impressão dolorosa.” ( Alan Kardec. Livro dos Espíritos – Capítulo I – Penas e Consolações. Temor da Morte. FEB Editora, pp. 571 e 572).
O comentário de Kardec deixa claro, que para obter o progresso espiritual é preciso compreender a necessidade de cuidar da vida espiritual, mas para tal ocorrer é preciso equilibrar as necessidades no plano terreno. Quando os espíritos se referem ao apego material, não significa dizer que você deve deixar tudo de lado, significa equilibrar as necessidades sem nenhum tipo de exagero ou apego, desvirtuando o proposito maior que é a evolução espiritual.
A codificação das obras básicas através do codificador, Alan Kardec, vem esclarecer o mundo, das causas do sofrimento. Há um capítulo inteiro dedicado, as penas e consolações, são esclarecedoras na compreensão das causas do sofrimento, que não se restringe a natureza física do corpo reencarnado, mas de debilidades morais de reencarnações anteriores.
O Evangelho Segundo o Espiritismo nos mostra que o sofrimento acompanha o homem desde a sua origem, em um passado muito distante. No início, quando a luta pela sobrevivência era a única preocupação humana, destacavam-se os padecimentos físicos de todas as ordens. Na medida em que a mente foi se desenvolvendo, surgiram também as aflições do ser, pautadas pelos problemas existenciais e as angústias morais, resultantes de nosso livre-arbítrio (Alan Kardec. Evangelho Segundo Espiritismo (Capítulo V – Bem-aventurados os aflitos. FEB Editora, pp. 79 a 104).
Allan Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” explica que: “ a origem da nossa dor, parte de duas fontes distintas: as que são geradas na vida presente e as que têm origem em existências pretéritas. Certamente alguém já se perguntou: Por que sofro tanto? Outras pessoas vão mais além e questionam: Por que Deus, sendo soberanamente justo e bom, permite que a sua criação sofra? Em verdade, ninguém tem o destino do sofrimento, somos criados simples e ignorantes para que possamos evoluir através de nosso próprio esforço. A dificuldade é um reflexo de nossa conduta moral, do caráter e sobretudo, de nossas ações praticadas em outrora. É a aplicação da lei de causas e efeitos.” ( Alan Kardec. Livro dos Espíritos. Capítulo II – Penas e Gozos Futuros. FEB Editora, pp. 582 a 613).
“Bem aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus – Essas palavras podem, também, ser traduzidas assim: deveis considerar-vos felizes por sofrer, porque as vossas dores neste mundo são as dívidas de vossas faltas passadas, e essas dores, suportadas pacientemente na Terra, vos poupam séculos de sofrimento na vida futura. (Alan Kardec. Evangelho Segundo Espiritismo. Capítulo V – Bem Aventurados dos Aflitos. FEB Editora, 2015, pp 709 a 105).
No capítulo I - Das Esperanças e Consolações no Livro dos Espíritos, há um conjunto de questões esclarecedoras que vão ilustrar a condição dos que sofrem. Aqui nesse artigo, destacamos a pergunta de número 255. Quando um Espírito diz que sofre, de que natureza é seu sofrimento? “Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente do que todos os sofrimentos físicos.” (Alan Kardec. Livro dos Espíritos. Capítulo I – Esperança e Consolações. FEB Editora, pp 557 a 572).
A resposta para a pergunta de número 255 nos esclarece as dúvidas pendentes em relação ao atual estágio de pandemia mundial, onde toda a população global se encontra reclusa em suas casas para conter o avanço do vírus. É evidente que conforme decorreu em vidas anteriores, serão imensos os laços de comprometimento de passar por esse tipo de experiência. ( Alan Kardec. Livro dos Espíritos. Capítulo – Vida Espiritual. FEB Editora, 2015, pp. 209 a 255).
Alan Kardec na pergunta de número 983, diz: Não experimenta sofrimentos materiais o Espírito que expia suas faltas em nova existência? Será então exato dizer-se que, depois da morte, só há para a alma sofrimentos morais? “É bem verdade que, quando a alma está reencarnada, as tribulações da vida são-lhe um sofrimento; mas só o corpo sofre materialmente. Falando de alguém que morreu, costumais dizer que não mais sofrerá. Nem sempre isto exprime a realidade. Como Espírito, está isento de dores físicas; dependendo, porém, das faltas que tenha cometido, pode estar sujeito a dores morais mais agudas, e pode vir a ser ainda mais desgraçado em nova existência. O mau rico terá que pedir esmola e se verá a braços com todas as privações oriundas da miséria; o orgulhoso, com todas as humilhações; o que abusa de sua autoridade e trata com desprezo e dureza os seus subordinados se verá forçado a obedecer a um superior mais ríspido do que ele o foi. Todas as penas e tribulações da vida são expiação das faltas de outra existência, quando não a consequência das da vida atual. Logo que daqui houverdes saído, compreendê-lo-eis. (Alan Kardec. Livro dos Espíritos. Capítulo II – Penas e gozo futuros. FEB Editora, p.596).
“O homem que se considera feliz na Terra porque pode satisfazer às suas paixões é o que menos esforços emprega para se melhorar. Muitas vezes começa a expiação desses prazeres efêmeros já nessa mesma vida, mas certamente os expiará noutra existência tão material quanto aquela.” (Alan Kardec. Livro dos Espíritos. Capítulo II – Penas e gozo futuros. FEB Editora, p.596).
As reflexões sobre a resposta da pergunta 983, nos mostra uma passagem interessante do Evangelho Segundo Espiritismo no capítulo VII, aquele que se eleva será rebaixado. É uma condição pelo qual, Jesus afirmou, e não se referia, somente a vida física, mas a condição no plano espiritual.
Kardec, amplia a reflexão do tema na pergunta 984. As vicissitudes da vida são sempre a punição das faltas atuais? “Não; já dissemos: são provas impostas por Deus, ou que vós mesmos escolhestes como Espíritos, antes de encarnardes, para expiação das faltas cometidas em outra existência, porque jamais fica impune a infração das leis de Deus e, sobretudo, da lei de justiça. Se não for punida nesta existência, sê-lo-á necessariamente noutra. Eis porque um, que vos parece justo, muitas vezes sofre. É a punição do seu passado.” (Alan Kardec. Livro dos Espíritos. Capítulo II – Penas e gozo futuros. FEB Editora, p.597).
A resposta da pergunta 984, explica as questões das aflições do contexto atual da pandemia, onde muitos espíritos plasmaram vivenciar a experiência atual, inclusive do desencarne nas condições em que ocorrem. Já abordamos anteriormente temas que nos evidenciam o processo de nossa escala evolutiva, ou seja, do progresso espiritual.
Então, é fato que, não é fácil depois de toda uma trajetória de vida, acreditando em princípios exclusivamente materialistas, começar a pensar que existe vida pós-morte, e que estamos reencarnados para cumprir um proposito, a evolução espiritual, todavia o temor da morte, fragiliza o ser espiritual, debilita a frequência através da baixa sintonia com espíritos inferiores. A melhor condição para o sofrimento atual, é começar gradualmente a mudar de postura, e valorizar menos o lado material e fortalecer a essência do que é espiritual.
Crédito de imagens: www.stabilispsiquiatria.com.br
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