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“ O Ponto de Mutação” e a espiritualidade

  • Foto do escritor: José Alberto Tostes
    José Alberto Tostes
  • 15 de mai. de 2020
  • 5 min de leitura


Na obra " O Ponto de Mutação ", o autor analisa as crises econômicas e científicas sob a perspectiva da teoria geral de sistemas. A teoria geral de sistemas (também conhecida pela sigla, T.G.S.) surgiu com os trabalhos do biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy, publicados entre 1950 e 1968.

Li esse livro pela primeira vez, no ano de 1989, na oportunidade, tinha apenas um ano de formado, a linguagem do livro ainda parecia naquele momento, um pouco distante, sempre que possível, recorria ao apoio de outras obras para compreender determinados termos. Geralmente um livro, muda a sua perspectiva de conhecimento, não muda o que está escrito, quem muda é você! Que agrega repertório no seu universo, cria métodos de análise, de alguma forma, cada um de nós, utilizamos um pouco de cada teoria.

Diversos autores contemporâneos, como o próprio Capra (1982), afirmam que A T.G.S. não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas sim, produzir teorias e formulações conceituais que possam criar condições de aplicação na realidade empírica. E porque para esse artigo, escolhi, a obra de Capra como referência? Na realidade, para evidenciar, como a ciência não está distante das questões de natureza espiritual. Para avançarmos no desenvolvimento do conhecimento, é preciso trabalhar e conhecer o pensamento científico.

Capra (1982) começa delineando a história da ciência e da economia, destacando falhas nos paradigmas cartesianos, newtonianos e reducionistas que vieram à tona com evidências empíricas da ciência contemporânea, mostra que aqueles pontos de vista se tornaram inadequados para guiar o comportamento humano e a política no tocante à tecnologia moderna e à ecologia, e que a ciência precisava incorporar conceitos holísticos e da teoria de sistemas para poder resolver os complexos problemas da sociedade contemporânea.( Capra, Fritjof) “ O Ponto de Mutação” . Editora: Cultrix, 1982).

O nome do livro foi extraído de um hexagrama do I Ching. Nele, Capra compara o pensamento cartesiano ao paradigma emergente no século XX. “O primeiro é reducionista e modelo para o método científico desenvolvido nos últimos séculos. O segundo, holístico ou sistêmico, vê o todo como indissociável; o estudo das partes não permite conhecer o funcionamento do organismo.” As comparações são feitas em vários campos da cultura ocidental atual, como a medicina, a biologia, a psicologia e a economia (Capra, Fritjof, “ O Ponto de Mutação” . Editora: Cultrix, 1982, p.14).

Segundo Lacerda(2010) o livro permite a desconstrução de paradigmas antigos. O método reducionista, científico ou mecânico, reduz as potencialidades da realidade. As novas descobertas da física quântica abriram o campo psíquico ao mostrar um novo mundo de possibilidades a partir da consciência da sincronia dos acontecimentos e outros fatores, antes não críveis, e hoje provados cientificamente, como a influência do observador no resultado do experimento. A nossa visão altera os acontecimentos. Lacerda, Mariana. "“ O Ponto de Mutação” ". Publicado no portal Planeta Sustentável, 2010. (acessado em 10/05/2020)

O “Ponto de Mutação” apresenta como as mudanças intensas e crises que o planeta e a humanidade estão passando são mutações energéticas de efeitos universais. Antes, no "mundo antigo" (no sentido de tudo o que já não representa a atualidade e a nova energia), a concepção era predominantemente yang - energia masculina -, e desta energia surge o patriarcado e o capitalismo, e todos os métodos de dominação e exploração que quase devastaram o planeta (Lacerda, Mariana. "“ O Ponto de Mutação” ". Publicado no portal Planeta Sustentável, 2010. (acessado em 10/05/2020)

De acordo com Capra, “o excesso de energia yang - agressiva, de dominação - trouxe muitos avanços, mas permitiu a repressão do lado yin (hemisfério direito do cérebro - lado esquerdo do corpo-intuição), conduzindo-nos a um sistema de crenças que causou o desmatamento massivo das matas, florestas, e poluições de rios, escravidão humana e animal, reduzindo, em muito, a qualidade de vida no planeta, com a poluição e devastação ambiental.” (Capra, Fritjof, “ O Ponto de Mutação” . Editora: Cultrix, 1982, p.28).

E como podemos relacionar a obra, “ O Ponto de Mutação” com a questão espiritual? O primeiro aspecto é sobre a natureza que representa o conhecimento, visando a transformação de mundo? Sendo assim, a ideia da Teoria Geral de Sistemas usada por Capra para explicar suas ideias na obra” O Ponto de Mutação” , com a Teoria de Sistemas, permite reconceituar os fenômenos em uma abordagem global, permitindo a inter-relação e integração de assuntos que são, na maioria das vezes, de natureza completamente diferentes.

A ideia de pensar as questões espirituais vinculadas somente a religião foi e tem sido predominante no pensamento universal, todavia, nos últimos trinta anos, a ciência começou a se aproximar para entender, como reage um organismo, quando a fé é colocada em prática. Hoje, as principais faculdades de medicina nos Estados Unidos dedicam uma disciplina exclusiva ao assunto. E, na última década, uma série de estudos mostraram os benefícios da fé à saúde com embasamento científico.


De acordo com Armstrong (2012) “atender às necessidades espirituais tem de ser, sim, tarefa do médico”, defende o cirurgião cardíaco Fernando Lucchese, que escreveu o livro A Revolução Espiritual com o psiquiatra americano Harold Koenig, autoridade no assunto (Karen Armstrong, Cia. das Letras, 2012, p.28).


Segundo Lisboa (2014) há um século, o canadense William Osler afirmava: “a fé e religião são coisas diferentes. A religião é uma maneira institucionalizada de se praticar a fé, por meio de regras específicas e dogmas. Já a fé é algo pessoal, ligado à espiritualidade, à busca por compreender as respostas a grandes questões sobre a vida, o Universo e tudo mais. Isso pode ou não levar a rituais religiosos.” Cada um tem seu jeito próprio (Lisboa, Sílvia. Revista Super Interessante. Artigo publicado no 31 out 2016).


Retornando a obra de Capra, “ O Ponto de Mutação” , as interpretações sobre as questões energéticas, por exemplo, tiveram um enorme avanço nos estudos da Física Quântica. Sendo o Homem um ser racional, dotado de inteligência, utiliza esse lado para atender uma forma de dominação, no qual, Capra chama de lado agressivo, seria em tese, retirar da natureza mais do que ela pode dar, sem pensar nas consequências. Se o lado espiritual desse homem não estiver desenvolvido, suas ações terão consequências, como já expressamos no artigo.


A partir da concepção dessa ideia, acredita-se que os princípios a partir do caráter empírico evidenciado por Capra, criam a quebra de paradigmas estabelecidos pela ciência em séculos anteriores, e que portanto, não basta apenas pensar sobre o resultado, mas também nas consequências que ele produz.


Se aplicarmos os princípios defendidos por Capra, no Livro “ O Ponto de Mutação” , a nossa realidade atual, de pandemia e de isolamento social imposto pelo COVID-19, vamos perceber que, o homem seguiu a lógica, sem se importar com as consequências, pois o objetivo maior, sempre foi somente os resultados.


A ausência de fé e de espiritualidade, nos conduz a uma visão 100% materialista, as crises provam que as ações são realizadas sem levar em conta o equilíbrio sistêmico e holístico de mundo, nesse caso, o excesso de racionalidade e pouca espiritualidade, nos leva a crer que, muito já deveríamos ter superado alguns paradigmas estabelecidos como verdade última. Tudo na sociedade de hoje é um sistema, a economia, a ciência, a cultura, etc.


Fortalecer a fé e a condição espiritual se tornou um fator determinante para a formação de novos postulados teóricos e práticos para auxiliar na construção de um futuro mais sustentável. Algo que já residia nas preocupações de Fritjof Capra, na obra: “ O Ponto de Mutação”.

 
 
 

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