O Magnetismo e a condição energética dos pensamentos
- José Alberto Tostes
- 29 de abr. de 2020
- 9 min de leitura
Realizei um recorrido na Literatura e na História para escrever esse artigo, por conta das condições pelas quais a população da Terra está passando, é um tema importante. Desde o século XVIII já tiveram inúmeras visões e interpretações, estamos falando do Magnetismo. Mas qual seria a influência do magnetismo nas condições atuais da enfermidade que nos assola? Sobre o tema do magnetismo, Alan Kardec empreendeu uma série de análises para argumentar a questão dos fluídos. Porém, antes de avançarmos na visão de Kardec, é importante salientar como foi concebido pelos pensadores e cientistas, a ideia do magnetismo.
Segundo Hallidey, o magnetismo é a denominação associada ao fenômeno ou conjunto de fenômenos relacionados à atração ou repulsão observada entre determinados objetos materiais - particularmente intensas aos sentidos nos materiais ditos ímãs ou nos materiais ditos ferromagnéticos - e ainda, na perspectiva moderna, entre tais materiais e condutores de correntes elétricas - especificamente entre tais materiais e portadores de carga elétrica em movimento - ou ainda a uma das parcelas da interação total (Força de Lorentz) que estabelecem entre si os portadores de carga elétrica quando em movimento - explicitamente a parcela que mostra-se nula na ausência de movimento de um dos dois, ou de ambos. O tema pode ser ampliado nas seguintes referências: Halliday, David; Resnick, Robert; Krane, Kenneth S. - Física 3 - 4ª edição - Livros Técnicos e Científicos Editora S/A (LTC) - Rio de Janeiro – 1996).
De acordo com Podmore, o magnetismo animal ou mesmerismo (em alemão: lebensmagnetismus) foi o nome dado pelo médico alemão Franz Mesmer no século XVIII, ao que ele acreditava ser uma força natural invisível possuída por todos os seres vivos/animados (humanos, animais, vegetais etc.). Ele acreditava que tal força poderia ter efeitos físicos, incluindo propriedades de cura. Ele tentou persistentemente, mas sem nenhum sucesso alcançar reconhecimento científico de suas ideias. Mesmer foi inúmeras vezes acusado de charlatanismo, mas seus seguidores o consideravam um sábio. Sobre esse tema, são inúmeras as obras que podem ampliar a visão do leitor em Podmore, Frank (1902) Modern Spiritualism: A History and A Criticism (em inglês) . Londres: Methuen. 380 páginas.
Podmore, afirma que Mesmer ensejava que o magnetismo animal se tornasse uma ciência coadunante com a filosofia e a religião, buscando a melhor compreensão, não apenas do universo tangível, mas também do que chamava de universo energético e fluídico. Fundamentado como doutrina, o mesmerismo com seu conjunto de aforismos é relatado como um dos primeiros movimentos em larga escala a tentar aproximar do mundo acadêmico ocidental os supostos fenômenos paranormais. Sobre esse tema é importante ler ao autor Alvarado, na obra os Fenômenos psíquicos e o problema mente-corpo: notas históricas sobre uma tradição conceitual negligenciada. Revista. Psiquiatria. Clínica. vol.40 no.4 São Paulo 2013.
Segundo Crabtree, a teoria vitalista atraiu diversos seguidores na Europa e nos Estados Unidos e foi popular no século XIX. Os praticantes eram conhecidos como magnetizadores, em vez de mesmeristas. Por cerca de 75 anos, desde seu início, em 1779, foi uma importante especialidade médica e continuou a ter alguma influência por cerca de mais de 50 anos. Centenas de livros foram escritos sobre o assunto entre 1766 e 1925. Depois da descoberta do eletromagnetismo por Hans Christian Orsted , em 1820, Ampère (1827) e a de Faraday (1831), o entendimento da física do magnetismo progrediu rapidamente. Uma das obras mais importantes na compreensão desse tema (Adam Crabtree, Animal Magnetism, Early Hypnotism, and Psychical Research, 1766–1925 – An Annotated Bibliography ).
Segundo Gauld, durante o mesmo período, a medicina avança e descobre que os nervos não são controlados por um fluido magnético. Todas estas descobertas vão contra as ideias do magnetismo animal, que incidia na existência do fluido. Finalmente, em 1887 o Experimento de Michelson-Morley demonstra, para a surpresa dos cientistas da época que a velocidade da luz é independente do seu ambiente e, portanto, nenhum éter físico é o suporte da luz e do eletromagnetismo. Hoje em dia é quase inteiramente esquecida e desde o fim do século XIX, as pessoas que ainda defendem essa teoria do magnetismo animal são chamados de curandeiros e adeptos das ciências ocultas. Nesse tema, é importante ver a obra escrita em inglês por Alan Gauld, A History of Hypnotism, Cambridge University Press, 1992, p. 265-266.
Berge, destaca que os estudos do magnetismo alcançou, os Espiritualistas, são a parte de uma corrente cristã desde o Iluminismo, atribuído a um ramo místico da Maçonaria. Seu líder foi o teósofo Louis Claude de Saint-Martin , e o iniciador desta corrente de pensamento foi Martinez de Pasqually o qual foi fortemente influenciado pelas obras de Emanuel Swedenborg. Saint-Martin tornou-se o vigésimo sétimo membro da "Société de l'Harmonie" (Sociedade da Harmonia), em 4 de Fevereiro de 1784 , mas gradualmente longe de Mesmer, ele insistiam na inexistência materialista dá a ação do fluido. Alguns espiritualistas afirmavam que era preciso agir diretamente sobre o paciente, sem a influência de um fluido, pela vontade e oração. Outros consideravam o contato do magnetizado com entidades supra-humana. Vários autores escreveram e produziram obras a respeito desse assunto, entre eles, ( Berge, Christine (1995). The Beyond e Lyon. [S.l.]: Albin Michel. CB/ Robert Darnton, La fin des lumières. Le mesmérisme et la révolution, 1968, p. 70/ Bertrand Méheust, Somnambulisme et Médiumnité, 1999, p. 137.
Na Codificação da Doutrina Espirita no século XIX, Alan Kardec com o auxílio dos espíritos definiu um conjunto de argumentos, por exemplo, o passe como parte da mediunidade curadora em diversas de suas obras; em A Gênese ele diz: "É muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode desenvolver-se por meio do exercício; mas, a de curar instantaneamente, pela imposição das mãos, essa é mais rara e o seu grau máximo se deve considerar excepcional." Capítulo 14, item 34, da obra A Gênese.
Na terminologia da época, Kardec mencionava que há doação de "fluido": "O médium curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos" e, ao contrário dos médicos que estudaram e dos magnetizadores que muitas vezes davam da própria saúde, estes não poderiam cobrar pelo que faziam, tais argumentos auxiliaram a construir o desenvolvimento do Livro dos Médiuns.
Kardec, ensinou, ainda, o codificador da Doutrina que se trata de um tipo especial de mediunidade, mas que "essa faculdade não é essencialmente mediúnica: possuem-na todos os verdadeiros crentes, sejam médiuns ou não. As mais das vezes, é apenas uma exaltação do poder magnético, fortalecido, se necessário, pelo concurso de bons espíritos."
Léon Denis, contemporâneo de Kardec, assinalava que "...o magnetismo vem a ser a medicina dos humildes e dos crentes", enquanto Angel Aguarod pregava que "reservemos para os magnetizadores a medicina do espírito" e Albert de Rochas já utilizava o termo "passes" e falava em "imposição de mãos". Para ampliar os estudos sobre a questão que levanta Leon Denis, ver a obra José Jorge sobre Allan Kardec no pensamento de Léon Denis. Rio de Janeiro: Centro Espírita Léon Denis/Departamento Editorial, 1978. 48p.
Na Revista Espírita, de 1858 é publicado a matéria da relação do Magnetismo e o progresso das ideias, assim descrito:
“O espiritismo liga-se ao magnetismo por laços íntimos, considerando-se que essas duas ciências são solidárias entre si. Os espíritos sempre preconizam o magnetismo, quer como meio de cura, quer como causa primeira de uma porção de coisas; defendem a sua causa e vêm prestar-lhe apoio contra os seus inimigos. Os fenômenos espíritas têm aberto os olhos de muitas pessoas, que, ao mesmo tempo aderem ao magnetismo. Tudo prova, no rápido desenvolvimento do Espiritismo, que logo ele terá direito de cidadania. Enquanto espera, aplaude com todas as suas forças a posição que acaba de conquistar o Magnetismo, como um sinal incontestável do progresso das ideias.” (Revista Espírita – Ano 1, 1858, pág. 421)
Ainda segundo Kardec, o magnetismo preparou o caminho para o Espiritismo:
“O Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo, e o rápido progresso desta última doutrina se deve, incontestavelmente, à vulgarização das ideias sobre a primeira. Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas não há mais que um passo; tal é a sua conexão que, por assim dizer, torna-se impossível falar de um sem falar do outro. Se tivéssemos que ficar fora da ciência magnética, nosso quadro seria incompleto e poderíamos ser comparados a um professor de física que se abstivesse de falar da luz. Todavia, como entre nós o magnetismo já possui órgãos especiais justamente acreditados, seria supérfluo insistirmos sobre um assunto que é tratado com tanta superioridade de talento e de experiência; a ele, pois, não nos referiremos senão acessoriamente, mas de maneira suficiente para mostrar as relações íntimas entre essas duas ciências que, a bem da verdade, não passam de uma.” (Revista Espírita – Ano 1, 1858, pág. 149)
Quinemant, na Revista Espírita publicada em (junho/1867), quase dez anos após a publicação da Revista Espírita, de 1858, define que o magnetismo é "uma variedade do espiritismo, na qual os Espíritos encarnados agem sobre outros Espíritos encarnados." O espiritismo ensina que a modificação das qualidades dos fluidos se dá através da ação do pensamento.
Alan Kardec, então, conclui que há dois pontos que devem ser considerados, na abordagem do espiritismo sobre a doença e a cura: as ideias sobre a evolução espiritual e as energias. Assim sendo, no mundo a busca continuada pelo aperfeiçoamento dos espíritos em graus diversos de desenvolvimento convivem, fazendo com que entre encarnados e desencarnados fluam energias, tanto positivas quanto negativas, sendo a doença uma forma de indicar fraqueza moral ainda a ser corrigida. Ver a obra Livro dos Médiuns e as anotações de Kardec.
Kardec quis apenas dizer que o magnetismo e o espiritismo são ciências que tratam de assuntos semelhantes, que têm alguns objetos de estudo em comum, mas com certeza o espiritismo é uma doutrina muito mais completa que a teoria do magnetismo animal, e vai mais além ao descrever não somente os fenômenos do passe e curas, mas todas as leis morais e que dizem respeito ao progresso da alma.
O próprio Quinemant, em trecho de mensagem acima citada, afirma de modo claro que "O magnetismo é, pois, um grau inferior do Espiritismo, ..." E verifiquem que Kardec faz elogios ao conhecimento desse Espírito. Esse tema é ampliado nos estudos científicos no trabalho de investigação com o título: O Método de Allan Kardec para Investigação dos Fenômenos Mediúnicos (1854-1869). Juiz de Fora-MG: Universidade Federal de Juiz de Fora, Dissertação de Mestrado ao Programa de Pós-Graduação em Saúde, 2013.
Cristina Alencar, (2011) no seu trabalho sobre “O Passe no Espiritismo: cura ou salvação” (PDF). Universidade Católica de Goiás , define que o Espiritismo não se preocupa com a cura do corpo, e sim do espírito, procurando compreender os motivos que levaram à doença – sendo apenas uma das práticas neste sentido, ao lado da prece, da desobsessão, tratamentos à distância, receituário mediúnico, água fluidificada, etc. Neste sentido, estudos demonstram que a religião realça o papel da ritualística na mudança da experiência de aflição.
André Luís através de Chico Xavier descreve em seu livro, os processos de cura e a sua ligação com o material chamado ectoplasma estudado pelos cientistas vitorianos, que contava entre eles o Sir William Crookes (Nos domínios da mediunidade (1955,p. 80 a 98). Assim descreve:
“O ectoplasma está situado entre a matéria densa e a matéria perispirítica, assim como um produto de emanações da alma pelo filtro do corpo, e é recurso peculiar não somente ao homem, mas a todas as formas da Natureza. Em certas organizações fisiológicas especiais da raça humana, comparece em maiores proporções e em relativa madureza para a manifestação necessária aos efeitos físicos que analisamos. É um elemento amorfo, mas de grande potência e vitalidade. Pode ser comparado a genuína massa protoplásmica, sendo extremamente sensível, animado de princípios criativos que funcionam como condutores de eletricidade e magnetismo, mas que se subordinam, invariavelmente, ao pensamento e à vontade do médium.”
E como podemos relacionar o tema do magnetismo com as condições atuais do Planeta Terra? O que se pode avaliar de todo o contexto citado, é que em diferentes versões e que envolveram diretamente as condições de saúde e bem-estar espiritual. Fica evidente que a ciência evoluiu para que desse condições ao Homem de analisar o seu próprio desenvolvimento físico, social e espiritual. As teorias científicas tiveram princípios importantes, inclusive para servir de contraponto nos estudos de Alan Kardec, que discorreu sobre o tema com o auxílio dos Espíritos sobre a essência do significado do magnetismo.
A primeira questão a ser avaliada na condição atual, é a do carma, no Livro dos Médiuns, Kardec define que a doença pode, além das causas da vida do indivíduo, ainda decorrer de situações em vidas passadas, segundo a doutrina do carma, da qual teria se apropriado Allan Kardec; em certos casos a doença deriva da ação direta de espíritos menos desenvolvidos, que encontram pontos de acesso nas pessoas mais vulneráveis, configurando assim a obsessão. O segundo aspecto é de natureza energética, sendo o pensamento o condutor de energias, e que, portanto, recebe ondas eletromagnéticas no campo neural, os bons pensamentos serão o principal condutor para gerar boas condições energéticas.
No estágio atual, a enfermidade tem encontrado a grande maioria dos espíritos reencarnados fragilizados materialmente, seja no contexto psicológico e de trato psíquico, fato que interfere diretamente nas condições de saúde em relação ao equilíbrio do corpo e da mente, assim sendo, o espírito é completamente assolado pelas influências deletérias, fazendo com que Alma também fique enferma.
Tais fragilidades serão afetadas diretamente na saúde espiritual, ocasionando efeitos que irão desestruturar o espírito. Se o pensamento é o gerador de energias, tais energias estão sendo conduzidas com condições vibratórias adversas, irá ocorrer a desarmonização dos chácaras que contribuem para debilidades físicas e espirituais, que se elevam à medida que o pensamento está sendo conduzido por condições neurais completamente adversas.
O contexto em que estamos passando é bem definido no contexto de André Luís, que destaca que o fluido espiritual será tanto mais depurado e/ou benfazejo quanto mais o Espírito que o fornece for mais puro e mais desprendido da matéria. Concebe-se que o dos Espíritos inferiores deva aproximar-se do fluido do homem e possa ter propriedades maléficas, se o Espírito for impuro e animado de más intenções. [...] O Espírito pode agir diretamente, sem intermediário, sobre um indivíduo, como foi constatado em muitas ocasiões, seja para o aliviar e o curar, se possível... (André Luís, 1955, Nos domínios da Mediunidade).
Portanto, o magnetismo e condição energética dos pensamentos, nos mostram que esse tema evoluiu com os estudos de Kardec auxiliado pelos espíritos, nos ajudam a compreender a realidade atual de uma forma mais sistêmica do ponto de vista científico e espiritual. De alguma forma, o fortalecimento da fé, e dos bons pensamentos geram energias que, podem auxiliar na travessia de enfermidades da Alma que assolam também o corpo físico.
Céditos da imagem (https://ceacs.wordpress.com/magnetismo-e-espiritismo/)
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