top of page

A visão da perda do corpo físico

  • Foto do escritor: José Alberto Tostes
    José Alberto Tostes
  • 27 de abr. de 2020
  • 6 min de leitura

Significativa parcela da população em algumas culturas são criadas, acreditando fielmente que a vida chega ao final com a morte física, já em diversas outras, existe a crença na vida pós-morte. E por que uma grande parcela tem medo extremo da morte? É preciso compreendermos que a vida pode ser vista de dois ângulos, o primeiro, é aquele onde o apego e essencialmente material, e segundo, a condição, existe o apego material, mas dentro dos limites normais, nesse caso, existe o apelo espiritual.

Em diversas crenças, a melhoria e o aperfeiçoamento moral estão diretamente relacionados ao uso do Livre Arbítrio, a relação entre o bem e o mal é próxima, e portanto, a escolha de cada um, será determinante no caminho a ser escolhido. Também é certo! Que em várias culturas, existem simbologias fortes que caracterizam a morte como uma passagem, os egípcios acreditavam fielmente que havia uma vida pós-morte, porém, completamente vinculada aos vínculos materiais no plano terreno.

Cada religião interpreta a morte de uma maneira diferente. Se para algumas, a morte é o fim da existência, para outras é apenas uma etapa. Por isso, abordaremos algumas curiosidades sobre as principais crenças: catolicismo, budismo, espiritismo, candomblé, judaísmo, islamismo e protestantismo.

No Catolicismo, a morte é uma passagem para a vida eterna, conforme a crença dos católicos. Cada pessoa é julgada pelas suas ações durante a vida: se perdoado, alcançará o céu, será tocado pelo Senhor e ressuscitará para a vida eterna. Se condenado, irá para o inferno. Algumas almas passam pelo purgatório para serem purificadas por meio de uma experiência existencial. A crença em céu, purgatório e inferno afasta dos católicos a ideia da reencarnação. Alma e corpo, sendo uma só coisa, tem apenas estes três destinos, sendo que somente no céu se ergue para a vida eterna.

No Budismo, Ao contrário dos católicos, os budistas acreditam em reencarnação: após a morte, o espírito volta à vida em outro corpo. Suas ações em vida influenciam em quais condições voltará, subindo ou descendo na escala evolutiva dos seres vivos. Buda compara a morte e a reencarnação ao ciclo de dormir, sonhar e acordar. As reencarnações acontecem até que o espírito se liberte do carma, que nada mais é do que a lei de causas e efeitos. Para alcançar a libertação, é preciso se desapegar das coisas materiais, evitar o mal, praticar o bem e purificar o pensamento.

No Espiritismo, os espíritas também acreditam na reencarnação e na inexistência da morte. Todos fomos criados iguais, simples, ignorantes e somos diferentes na escala evolutiva conforme nossas ações. Em cada vida, o espírito utiliza seu corpo físico para evoluir. Aqueles que não praticam o bem, são mais rudimentares, evoluem devagar e recebem novas oportunidades de melhorias por meio de sucessivas encarnações. Os bondosos evoluem com mais rapidez por se aproximarem dos valores morais de Cristo. Para eles, a consciência é eterna. A morte é o retorno da alma para o mundo espiritual, onde viverá até que ela esteja pronta para uma nova encarnação.

No Candomblé, a religião de matriz africana acredita na continuidade da vida por meio de uma força vital e imortal chamada ori (cabeça interna, destino). Ela é a parte imperecível de uma pessoa. Ao morrer, o espírito passa para outra dimensão e se junta a outros espíritos, guias e orixás. Ou seja, a morte não é o fim, mas uma mudança de estado e de plano de existência. Uma curiosidade interessante é que o candomblé não permite a cremação do corpo. Ao contrário, ele deve ser enterrado, pois o retorno à terra completa o ciclo da vida.

No Judaísmo, para os judeus, a alma é eterna. A morte é apenas o fim do corpo, da matéria. Cada um está na Terra por um motivo e tem uma missão a cumprir. Porém, não há clareza a respeito da vida após a morte: algumas correntes acreditam na reencarnação (retorno do espírito a um novo corpo) e outras acreditam na ressurreição (retorno ao corpo original). A situação do espírito está conectada ao modo como a pessoa viveu no mundo terreno. Assim como no candomblé, não é permitida a cremação do corpo.

Para o islamismo, a morte é a separação do corpo e da alma, é a passagem desta vida para a eternidade. Nessa religião, acredita-se em paraíso e inferno, como os católicos e em um juízo final, quando Alá trará à vida todos os mortos. Por isso, ao morrer, a alma fica aguardando o dia da ressurreição para ser julgada pelo criador. O islamismo não permite a cremação do corpo.

Os protestantes acreditam que a morte é uma passagem para uma vida em comunhão com Deus, até que ocorra a ressurreição do corpo. A crença em céu e inferno existe, mas com uma diferença sutil à católica: o julgamento ocorre pela fé da pessoa na palavra de Deus e pelo amor à Ele, não pelas ações da pessoa em vida.

As diferenças acerca da morte em sociedades diversas, seja em civilizações antigas ou na sociedade atual, estão ligadas às heranças culturais que, por sua vez, relacionam-se diretamente com a religião que professamos. Os povos mesopotâmicos, por exemplo, costumavam enterrar os mortos com todos os seus pertences e com suas marcas de identidade pessoal e familiar. Além de comida, para garantir uma travessia sem escassez ou dificuldades. Ao contrário, as sociedades hindus incineravam seus corpos para os libertarem de todos os pecados, apagarem suas memórias e dissolverem sua identidade.

A sociedade africana apresenta uma particularidade pouco vista no mundo ocidental. Suas religiões e cultos são muito integradas à natureza, e, por isso, a pedagogia da morte é permanente e presente desde a infância. A morte é, assim, aceita naturalmente, porque há integração com a natureza. É o fechamento necessário ao circuito vital.

Cada país tem predominância de alguma religião e heranças culturais, o que determina como a morte é encarada no território. No Brasil, país em que as religiões cristãs predominam, temos os enterros ou a cremação do corpo, velórios de até 48 horas, orações, flores e velas.

Conforme a religião cristã professada, podemos ter sentimentos de dor e desespero nos velórios, ou de paz e tranquilidade. Temos aqui, inclusive, o Dia de Finados, em 2 de novembro. Em outros países, como Itália, Suíça e Estados Unidos, os funerais são feitos em recintos religiosos locais ou em casa, com comida, bebidas e celebrações, sem qualquer constrangimento.

Como se pode perceber, são distintas as visões culturais que atravessaram décadas e questões milenares, e que, portanto, vai determinar e muito o comportamento de um povo sobre como vai encarar a morte. É importante, porém, independente a cultura, credo ou religião ou qualquer condição que o indivíduo processe a sua fé, sem que isso seja algo doutrinário que não permita ver a evolução moral e espiritual, porque independente do que se segue, é importante cultivar bons pensamentos e ações em prol do caminho do bem.

Por ocasião desse momento em que estamos vivendo, onde em vários lugares do mundo todos os dias têm falecido milhares de pessoas, tem gerado um sentimento de apreensão, pavor e medo decorrente do cenário em que o mundo global está envolvido. Para enfrentar com serenidade essa situação, esse é um grande momento para se começar a fortalecer os princípios da fé, seja em qual religião ou credo for.

Precisamos pensar nos idosos e jovens que são as duas pontas da sociedade, de começar um processo de educação espiritual, despojado do orgulho e do egoismo, de achar que existe uma religião superior a outra, isso é coisa dos homens e não de Deus. Verdadeiramente, cultivamos pouco o trato das questões espirituais, pois os valores da sociedade atual são tão materialistas, que para alguns é muito complexo, de uma ora para outra, valorizar questões que não dependem da matéria.

Independente da religião, o que o individuo pode e deve tomar como princípios elementares, é que a vida tem um proposito, viver uns com os outros para evoluirmos através da moral, e nossas escolhas serão definidoras na base de nossa formação, enquanto crianças e jovens, o que minimamente pode ser pensar, é o equilíbrio entre as questões materiais e a condição espiritual. E entendermos, que nascemos, nos desenvolvemos e perecemos um dia, mas esse dia deve chegar, sem sofrermos tanto, quem sabe o momento agora, é bem pertinente para que boa parte do Planeta Terra mude a lógica acelerada, pararmos para olhar, o que cada um tem dentro de si, depois alcançar o outro através de ações saudáveis, redefinir a palavra sucesso, que tem um significado muito individualista e pouco coletivo.



 
 
 

Comments


96988010021

©2020 por Pensar é pura energia. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page