A surrealidade do mundo dos sonhos
- José Alberto Tostes
- 12 de mai. de 2020
- 5 min de leitura
Certa vez escrevi sobre os sonhos, ainda na fase da minha adolescência. Nesse período, é um mundo de descobertas por conta do caráter lúdico. Até pouco tempo, guardava um caderno com vários textos, todos escritos a partir das minhas ideias sobre os sonhos.
É interessante que os sonhos podem ser analisados por uma outra variável, todo ser humano quando se refere ao futuro, fala de seus sonhos como algo surreal, as vezes está relacionado com as questões materiais e outras não, há relatos de situações inatingíveis de serem alcançadas, daí o tema título do artigo: A surrealidade do mundo dos sonhos.
De acordo com o site hypescience, os sonhos são um dos últimos grandes territórios não mapeados da civilização humana. Nós passamos milênios tentando interpretar porque nossas mentes criam situações infinitas. Agora, a ciência está tentando descobrir o que acontece quando sonhamos, por que sonhamos, e afinal de contas, o que os sonhos significam. Existem conexões entre a realidade e o imaginário surreal do mundo dos sonhos (hypescience.com/sonhos).
Plihal; Born (1997) mostram que na década de 1960, o Centro Médico Maimonides, em Nova York, realizou uma série de testes paranormais. Um deles envolveu visões e premonições do futuro. Os indivíduos foram divididos em dois grupos: um grupo ficou acordado e concentrado em uma imagem específica, que era “enviada” a pessoas do segundo grupo, que estavam dormindo em outro quarto. Os pesquisadores então acordaram o segundo grupo durante o sono REM e pediram que as pessoas contassem seus sonhos. A parte estranha é que a maioria das pessoas no segundo grupo descreveu imagens exatamente como as que estavam sendo “enviadas” para eles. Effects of early and late nocturnal sleep on declarative and procedural memory. Journal of Cognitive Neuroscience, 9(4), 534-547.
De acordo com Plihal; Born (1997), os estudos científicos mostram que os pesquisadores descobriram uma forte ligação entre o número de pesadelos que uma pessoa tem e seu estado de bem-estar durante o dia. Quanto mais pesadelos os participantes relataram, pior se saíram nas avaliações psicológicas. Claro, o problema com este estudo é que é sempre possível que as pessoas que estejam deprimidas por outras razões tendam a ter mais pesadelos, o que parece ser verdade. Mas de qualquer forma que os resultados sejam analisados, os pesadelos parecem ser capazes de atravessar a fronteira do sono até nossa mente desperta – antes de ficarmos deprimidos, desta forma causando a depressão, ou depois, como resultado dos nossos problemas reais. Effects of early and late nocturnal sleep on declarative and procedural memory. Journal of Cognitive Neuroscience, 9(4), 534-547.
De acordo com a Academia Americana de Medicina (2015) “o estado de sono é caracterizado por um padrão de ondas cerebrais típico, essencialmente diferente do padrão do estado de vigília, bem como do verificado nos demais estados de consciência. Dormir, nesta acepção, significa passar do estado de vigília para o estado de sono. No ser humano, o ciclo do sono é formado por cinco estágios. Ele se repete durante quatro ou cinco vezes durante o sono.” Do que se tem registro na literatura especializada, o período mais longo que uma pessoa já conseguiu ficar sem dormir foi de onze dias. «2015 Intensive Scoring Review Course: Sleep Stage Scoring - American Academy of Sleep Medicine (AASM) - em inglês». AASM (em inglês).
Segundo Hall (1997) como do ponto de vista espiritual como podemos analisar esse tema? “A oniromancia, previsão do futuro pela interpretação dos sonhos, tem grande credibilidade nas religiões judaico-cristãs: consta na Torá e na bíblia que Jacó, José e Daniel receberam de Deus a habilidade de interpretar os sonhos. No Novo Testamento, São José é avisado em sonho pelo anjo Gabriel de que sua esposa traz no ventre uma criança divina, e depois da visita dos Reis Magos um anjo em sonho o avisa para fugir para o Egito e quando seria seguro retornar a Israel.’’ HALL, James. Jung e a interpretação dos sonhos. São Paulo: Cultrix, 1997, p. 38 a 72.
O autor define que na história de São Patrício, na Irlanda, também figura o sonho. Quando escravizado, Patrício em sonho é avisado de que um barco o espera para que retorne à sua terra natal.
Acrescenta que no islamismo, os sonhos bons são inspirados por Alah e podem trazer mensagens divinatórias, enquanto os pesadelos são considerados armadilhas de Satã.
“Filósofos ocidentais eram céticos quanto ao tema religião e sonhos, por alegarem que não haveria controle consciente durante os sonhos, mas estudos recentes analisando movimentos dos olhos (REM) durante o sono mostram resultados cientificamente comprovados com sonhos lúcidos, que se contrapõem às teorias anteriores...” HALL, James. Jung e a interpretação dos sonhos. São Paulo: Cultrix, 1997, p. 38.
E no Espiritismo? No Livro dos Espíritos, Alan Kardec com o auxílio dos espíritos, dedica no capítulo da Emancipação da Alma, cerca de 22 questões, que alcançam as perguntas de 400 a 422. São importantes esclarecimentos a respeito do sono e dos sonhos.
Sobre a visão do Espiritismo. Certa vez uma pessoa que começava a frequentar o centro espírita, me pediu para que a esclarecesse sobre os sonhos que ela havia tido na noite anterior, antes de realizar qualquer comentário, sugeri a mesma, recorrer ao Livro dos Espíritos, e ler a parte inicial do capítulo, A emancipação da Alma.
Senti que havia uma forte aflição, pois a condição em que ela ficou, a deixou muito impressionada. Falei para me ligar no dia seguinte para conversarmos após a leitura dessa parte do livro. Somente depois de 48 horas ela ligou para tirar dúvidas a respeito das perguntas e respostas contida no Livro dos Espíritos.
Após dialogarmos por mais de trinta minutos, esclareci que, na pergunta 412, há o contexto para compreendermos a natureza do sono e dos sonhos, quando Alan Kardec indaga: “Pode a atividade do Espírito, durante o repouso, ou sono corporal, fatigar o corpo? Então, os espíritos responderam, pode, pois o espírito se acha preso ao corpo como um balão cativo no poste. Assim como, as sacudidas do balão abalam o poste, a atividade do espírito reage sobre o corpo e pode fatigá-lo.” (Alan Kardec, Livro dos Espíritos, questão 412).
A compreensão da pergunta e resposta, está muito relacionada a nossa condição moral no plano terreno, o padrão vibratório e energético, pois os pensamentos geram energias, mesmo em repouso, o nosso espírito é induzido por todo o contexto das ações que foram realizadas naquele dia. A resposta dos espíritos para a questão de número 400, por exemplo, é crucial para ampliar o nosso entendimento.
“ O sonho é a lembrança do que o espírito viu durante o sono. Notei, porém, que nem sempre sonhais. Que quer dizer isso? Que nem sempre lembrais do que vistes, ou de tudo o que havias vistos, enquanto dormes.” Durante o sono esclarece os espíritos é a oportunidade do espírito se encontrar no mundo espiritual com vários outros espíritos, somente ficam em algumas situações vagas lembranças de caráter intuitivo.” (Alan Kardec, Livro dos Espíritos, questão 400).
As questões do item: A emancipação da alma, do Livro dos Espíritos, nos auxiliam a compreender diversos outros fenômenos que, até então, não eram possíveis de serem explicados pela Ciência. Portanto, o que se pode perceber do tema: a surrealidade do mundos dos sonhos, é que a ciência estuda para compreender os desdobramentos físicos e psicológicos dos efeitos do sono e dos sonhos, já as questões espirituais tratam da natureza da Alma, dos desdobramentos que vão muito além das questões físicas, envolve a condição de aperfeiçoamento e progresso espiritual.
“Os avisos por meio dos sonhos desempenham grande papel nos livros sagrados de todas as religiões. (…) É com frequência a ocasião que os Espíritos protetores aproveitam para se manifestar a seus protegidos e lhes dar conselhos mais diretos. São numerosos os exemplos autênticos de avisos por sonhos; porém, não se deve concluir daí que todos os sonhos são avisos, nem, ainda menos, que tudo o que vê em sonho tem uma significação qualquer. Deve-se incluir a arte de interpretar os sonhos no rol das crenças supersticiosas e absurdas.” Alan Kardec, A Gênese. Os Milagres e as predições. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. Cap. XV, it. 3, pág. 265.
Então, para entender a surrealidade do mundo dos sonhos é preciso ampliar o nosso conhecimento doutrinário a partir das obras, O Livro dos Espíritos e A Gênese.
Crédito de imagem: www.osegredo.com.br
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