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A maternidade nos laços corporais e espirituais ( “In memoriam" de minha mãe)

  • Foto do escritor: José Alberto Tostes
    José Alberto Tostes
  • 10 de mai. de 2020
  • 5 min de leitura

Todo segundo domingo do mês de maio se comemora o dia das mães, nesse domingo é algo um pouco distinto do que estamos habituados a fazer, geralmente as famílias se reúnem para comemorar esse dia. Basicamente a comemoração irá ocorrer no congraçamento das famílias que estão isoladas em casa desde meados do mês de março. Na minha convicção como espírita, todos os dias devem ser destinados a comemoração do dia das mães. Os laços espirituais de mãe começam bem antes do processo de gestação, ocorre no mundo espiritual no planejamento reencarnatório, ali começa a se formar os vínculos.


Os vínculos com uma mãe não dependem somente do plano material, pois ao longo de uma vida no plano terreno são formados laços importantes que fortalecem a relação entre mães e filhos, mesmo as dificuldades existentes de relações pendentes são equacionadas ao longo desse trajeto, pois o nosso comprometimento enquanto filho, não é somente de natureza física, mas também espiritual.


Segundo Scholl (2011) na vida embrionária (intrauterina) enquanto ocorre o desenvolvimento do corpo físico, o Espírito, ser pré-existente que começa o processo de ligação ao corpo em desenvolvimento, não tem plena consciência da situação, mas as experiências que se passam nesse período ficam marcadas e são importantes na vida futura.

Scholl define que: “a reencarnação é resultado de um cuidadoso planejamento elaborado e conduzido pelos Espíritos Superiores onde, na própria fecundação, há a seleção do espermatozoide mais apropriado para as experiências daquele Espírito que retorna à matéria, fruto desse projeto. Hoje a moderna ciência confirma que não é o gameta masculino mais rápido, nem o mais qualificado, nem o primeiro que chega ao óvulo feminino que rompe a sua membrana e o fertiliza, mas aquele que é "energeticamente compatível". Isso ocorre porque é nesse momento que são determinadas as características genéticas e hereditárias necessárias ao aprendizado do ser que renasce.” Scholl Roberto. Crônicas e artigos, ano 5, n. 221 – 7 de agosto de 2011.


“No momento da fecundação, o Espírito se aproxima fluidicamente da futura mamãe agora começa seu processo físico reencarnatório. A energia vital do Espírito vai se acoplando a cada célula multiplicada a partir do zigoto, dando-lhe vida e direcionamento no desenvolvimento do corpo físico do feto. O pleno êxito da gestação depende, além da condição biológica favorável, mais especialmente do perfeito acoplamento e aceitação do Espírito ao processo. Se alguma dessas condições não está a contento, poderá ocorrer o abortamento espontâneo.” Scholl Roberto, Crônicas e artigos, ano 5, n. 221 – 7 de agosto de 2011.


Do ponto de vista espiritual, o que significa ser mãe? A Doutrina Espírita esclarece que se trata de um compromisso importante, porque ao gerar um filho assume-se um compromisso perante as Leis de Deus, oferecendo oportunidade para que um espírito por meio da reencarnação possa evoluir, cabendo aos pais o amparo necessário para sua caminhada de novos aprendizados.


Na pergunta 890 de O Livro dos Espíritos esclarece que o amor maternal é uma virtude ou um sentimento instintivo, comum aos homens e aos animais: “— É uma coisa e outra. A Natureza deu à mãe o amor pelos filhos, no interesse de sua conservação; mas, no animal, esse amor é limitado às necessidades materiais: cessa quando os cuidados se tornam inúteis. No homem, ele persiste por toda vida e comporta um devotamento e uma abnegação que constituem virtudes; sobrevive mesmo à própria morte, acompanhando o filho além da tumba. Vedes que há nele alguma coisa mais do que no animal”.


Compreende-se que existe além dos laços físicos, o elo de ligação entre mães e filhos, por esse motivo, o amor materno é realmente capaz de ultrapassar barreiras. Ser mãe representa a possibilidade do exercício do amor incondicional, doando o melhor de si para a evolução de um espírito que nasce no papel de filho, seja ele um amigo do passado ou alguém que necessite de reconciliação, como oportunidade de reconstruírem uma nova história, assim nos ensina o teor e reflexão da resposta da pergunta 890 do Livro dos Espíritos.


As nossas relações afetivas com as mães são intensas, lembro-me de minha mãe com muito afeto, pois aprendi com ela todo o desenvolvimento da minha base moral, do conceito de família. Minha mãe era enfermeira, mesmo trabalhando em vários plantões pelo horário noturno, os ensinamentos eram diários sobre deveres e responsabilidades. Minha mãe desencarnou, em junho de 2009, são mais de dez anos sem a sua presença física, mas presente em espírito, o que é reconfortante, foram inúmeras as lições aprendidas.


Minha mãe esteve enferma durante muitos anos, todas as noites, me sentava ao seu lado para ouvir os seus relatos, as conexões com o mundo espiritual eram frequentes, principalmente relacionadas a sua infância envolvendo os familiares já desencarnados, esses diálogos noturnos me ajudaram a compreender melhor, o significado de nossas conexões com o mundo invisível. Minha mãe descrevia a sua vida na Ilha do Mosqueiro, região próxima de Belém do Pará, foi onde conheci melhor boa parte de sua infância, me dei conta que o maior carinho que podemos ter por alguém, é ter paciência nos momentos mais difíceis.


No dia em que minha mãe foi levada por uma ambulância para o hospital da Unimed, tive um pressentimento que não mais retornaria, foram 15 dias no hospital, o corredor não tinha mais de dois metros, quando você vive essa experiência, tem que se fortalecer e agradecer a vida. No dia anterior ao seu desencarne, estava tudo certo que minha tia, seria a pessoa que iria entrar na UTI, logo recebi o comunicado por uma prima que a tia não poderia vir, foi então que, fui a última pessoa a ver a minha mãe com vida no plano terreno, quando entrei, segurei forte nas suas mãos, um gesto de gratidão por tudo o que havia feito no plano terreno.


Voltei para casa, na madrugada do dia seguinte, às 3 horas da manhã, toca o telefone, acordei assustado, o coração disparou, recebi o comunicado para comparecer ao hospital, minha mãe havia desencarnado. Ao longo de sua enfermidade, tive muitas crises, superei, quando realizei a assistência espiritual na Federação Espírita do Amapá, só assim poderia auxiliá-la, se estivesse bem.


Os laços espirituais eram fortes, consegui trilhar pelo caminho do bem, porque a minha mãe me ensinou com atos, aprendi a gostar de escrever por conta do incentivo dela, hoje, coloco as minhas ideias a disposição de milhares de pessoas, com reflexões importantes que nos ajudam a compreender melhor, a importância da família, aquela que nos plasmamos no mundo espiritual.


Quando me casei, tive também a felicidade de ter uma segunda mãe, a minha sogra, sempre atenciosa, religiosa e integrante da paroquia da Igreja Jesus de Nazaré. Há um fato que, me marcou muito. Em 2002, eu tinha que retornar para o exterior para concluir os meus estudos de doutorado, a Dona Lucila, assim era chamada por todos, meu deu uma oração, um pequeno pedaço de papel plastificado, todos os dias, lia aquela oração com um grande fervor, aquela ação, me dava força para superar as adversidades. É incrível como esse fato me marcou, pois, até hoje, quase vinte anos depois ainda guardo com muito carinho.


A mãe querida, estará sempre conosco, encarnada ou desencarnada, pois os laços são mais fortes que as questões corporais. Devemos agradecer a Deus, a oportunidade de reencarnar, de amar nos nossos seres queridos, onde aprendemos a ser alguém melhor, na alegria, na felicidade, tristeza e dor.


Que as boas energias alcancem no plano espiritual, a minha mãe, Angélica Alberto Tostes, sei que na condição de enfermeira, está cuidando do auxílio de tantos espíritos necessitados que precisam de apoio e consolação pelas provas vividas. Compreendi melhor esses vínculos quando comecei a estudar a mediunidade. Na primeira oportunidade de participação em uma reunião mediúnica, aflorou a minha mediunidade, na qual agradeço a Deus, a oportunidade de trabalhar, no meu aperfeiçoamento espiritual, assim como, trabalhar no caminho do bem.


Em vários momentos na condição de médium, senti a conectividade com aqueles seres queridos que muito contribuíram para o meu processo evolutivo no plano terreno. Por isso, a minha gratidão imensa a minha mãe querida.


Créditos de imagens: www.br.pinterest.com

 
 
 

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